01 March 2007

O maravilhoso mundo do "obral"

Ao longo dos vários milénios de existência da humanidade, diversas profissões têm-se
dissipado nas marés do tempo; no entanto duas delas mantêm-se eternas: a prostituição, a mais velha profissão feminina e no lado masculino, a CONSTRUCÇÃO CIVIL, mais conhecida como "obral". Já que o tema da prostituição já foi abordado por mim, dedicarei então este post a essa singular profissão.
Sejam então bem-vindos ao maravilhoso mundo do obral. Como muitos de vós já sabem, o obral é um universo à parte da nossa sociedade, uma espécie de seita, com regras e estatutos muito bem definidos, em que as diversas classes se agrupam num esquema de pirâmide, em que os mais inúteis se encontram no topo e os mais trabalhadores na base. Muitas coisas poderiam ser ditas acerca deste mundo à parte mas irei apenas identificar e falar um pouco sobre cada classe.

Engenheiro- Esta classe situa-se no topo da pirâmide sendo a classe mais inútil deste universo. Geralmente, pode ser encontrado à porta da obra, ao lado do seu Mercedes, empunhando um fato que custa mais que o ordenado de um pedreiro, com as mãos atrás das costas e a olhar pensativamente para a construcção. Por vezes faz perguntas de um altissimo nível intelectual, tais como: "Ó Silva, o que é aquela coisa amarela e comprida que está ali em cima?" ao que o empreiteiro responde: "É a grua, senhor Engenheiro".

Fiscal- Personagem sazonal e de aparições raras neste meio, o fiscal das obras, tal como o engenheiro, é caracterizado pelos fatos e carros de alta cilindrada mas com uma diferença: o ar pesado e sério com que entra na obra e a boa disposição e cara sorridente com que sai, enquanto aconchega no bolso do casaco um pedaço de papel extremamente parecido com um cheque.

Empreiteiro- Classe completamente dependente do telemóvel, o empreiteiro marca a transição entre as classes completamente inúteis e as classes que têm que trabalhar para comer. O empreiteiro é um especialista mundial na arte de falar ao telemóvel enquanto resmunga ordens para o encarregado. Desempenha também um importante papel nas relações com o fiscal das obras, sendo ele que lhe entrega o tal papel extremamente parecido com um cheque.

Encarregado- Classe geralmente obesa, é caracterizada pela sua indumentária única: calças de ganga muito coçadas na região traseira; camisa axedrezada com o último botão desapertado deixando à vista a sua volumosa pelosidade peitoral; caneta ou busca-polos pendurado na orelha e bolsa de telemóvel à cintura. Habita nas regiões mais escondidas e escuras da obra, onde berra ordens aos seus subordinados, autênticas pérolas de sabedoria tais como: "Ó preto, mas que merda é essa de estares a comer na hora de trabalho?" ou então: "Não te apetece ir prá betoneira??? Se fosse uma gaja boa, já não te importavas de lá enfiar a pá, não é? VAI TRABALHAR CARALHO!!!!"

Trolha- Sem dúvida nenhuma, a classe mais emblemática e mitíca do obral. É a classe que se situa na base da pirâmide, sendo por isso a classe mais trabalhadora. Actualmente, o trolha tuga ocupa um lugar previligiado na CTI (Comunidade Trolha Internacional), tendo já sido reconhecido por diversas vezes por uma técnica de mandar piropos a roçar a perfeição e pela sua capacidade inata de cravar o almoço. Ao contrário das outras classes, o trolha é diversificado na sua indumentária; no entanto existem alguns pontos em comum entre os vários trolhas:
- Boné com buracos colocados de forma estratégica de forma a optimizar a ventilação.
- T-Shirt com patrocínio a uma qualquer marca de cerveza.
- Calças dois números acima de forma a permitir a refrigeração da zona traseira
- Maço de tabaco SG Ventil no bolso de trás
Ao contrário das outras classes, o trolha não tem transporte própio, normalmente optando por duas alternativas clássicas:
1- Passe social
2- A Toyota Hiace da empresa, onde viaja com mais 15 colegas seus no banco de trás.

Para concluir, uma pequena opinião pessoal: apesar de ser considerada uma profissão pouco gratificante, para mim o obral é um poço de sabedoria eterna; sem o obral, o mundo seria mais pobre e expressões eternas como "Tú és como um helicóptero: gira e boa" jamais teriam existido.Um mundo sem trolhas é como um programa do Herman: não vale um caralho!!!!!!
JP

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